A situação na Polónia relativamente à interdição do aborto é uma ameaça à Convenção de Istambul no que respeita à prevenção da violência contra as mulheres.
A situação das defensoras dos direitos das mulheres é especialmente grave, pois estão a ser criminalmente acusadas e atacadas pelos meios de comunicação locais sob a influência do partido no poder. Estão a pedir o nosso apoio e uma demonstração de solidariedade no Dia Internacional da Mulher, 8 de Março.
Pode apoiar esta iniciativa subscrevendo o manifesto e partilhando pelos seus contactos.
“Nós, mulheres Europeias, não ficaremos em silêncio.
Durante mais de uma década, o extremismo e a xenofobia têm vindo crescer na Europa.
Noutros países, charlatães extremistas similares estão a ficar mais fortes e é apenas uma questão de tempo até ganharem eleições e depois imporem a sua visão da sociedade a cidadãos inocentes.
Estamos a escrever isto agora porque os extremistas na Polónia decidiram torturar as mulheres polacas, forçando-as a carregar à força uma gravidez com defeitos fetais. O fruto destas gravidezes provavelmente só sobreviverá a alguns dias cheios de dor.
Porquê? Em nome do dogma religioso. As autoridades polacas estão a forçar uma interpretação radical dos ensinamentos religiosos sobre todas as mulheres polacas, pondo de lado virtudes como a compaixão, a dignidade humana e a autodeterminação.
A resposta cínica das autoridades polacas é a de criar “salas de choro” para as mulheres lamentarem a sua perda…. Infelizmente, isto não é uma piada. Porque alguém decidiu que alguns dias da vida de um bebé em terrível sofrimento é mais importante do que interromper uma gravidez deste tipo, poupando o sofrimento das suas mães e famílias.
Em 2021, na Polónia no seio da União Europeia, é esta a proposta do governo em vez de apoio psicológico ou ajuda estatal na educação de crianças deficientes. As famílias com crianças deficientes na Polónia, em muitos casos, vivem na pobreza e no esquecimento.
Desde a proibição do aborto, as mulheres polacas têm saído à rua em protestos pacíficos em massa. No entanto, as autoridades polacas têm respondido com violência generalizada e regular da polícia. A polícia polaca espancou, usou gás lacrimogénio, prendeu, intimidou as mulheres manifestantes enquanto os meios de comunicação governamentais as denunciavam como assassinas e psicopatas.
É tempo de ações concretas. Não com manifestações de indignação, não com discursos pomposos.
Nós, europeus/europeias, somos uma União de valores, não apenas uma comunidade de interesses.
Nós, europeus/europeias, irmãs de mulheres polacas, exigimos plenos direitos da mulher – o direito à interrupção segura da gravidez – o direito à educação sexual – o direito à dignidade – e o direito a ser respeitada.
Hoje, a Polónia tornou-se um inferno para as mulheres, amanhã poderá ser o meu país, se não nos erguermos.
*Este manifesto foi originalmente produzido em Inglês pela IPPF European Network